sábado, 4 de junho de 2016

Comentário ao texto 1 do tema 3 - Didática da história

Segundo Proença (1989, p. 144), se “a principal finalidade do ensino é modificar o comportamento do aluno em determinadas direções estabelecidas pela escola e pelo professor”, direções essas que constituem os objetivos educacionais, há que proceder à avaliação para determinar se estes são atingidos. Ou seja, a avaliação parte da identificação e definição de objetivos educacionais, para depois aplicar instrumentos de avaliação que melhor possam aferir a consecução desses objetivos. A avaliação tem um papel fundamental no sentido de melhorar as aprendizagens, como ilustra o vídeo seguinte.




A avaliação é contínua e não deve cingir-se ao final de um período ou unidade, por exemplo; é sistemática, pelo que não deve ser utilizada ocasionalmente; pressupõe que os objetivos estejam bem definidos, pois só assim pode aferir a existência ou não de progressos. Tendo isto em conta, deve clarificar-se que o termo “avaliação” é muitas vezes utilizado, de forma errada, como sinónimo de classificação. A classificação resume-se, normalmente, a um número, um valor que os alunos atingem dentro de uma determinada escala, enquadrando-se num padrão pré-estabelecido, tendo em conta as provas prestadas, ao passo que a avaliação é muito mais que isso, é o avaliar do processo de ensino e aprendizagem, tecendo considerações e juízos de valor, procurando alcançar as metas educacionais e contribuindo para a melhoria das aprendizagens, obrigando professores e alunos a modificarem comportamentos e métodos de trabalho ainda antes dos momentos de classificação para que possam atingir as metas da melhor forma possível. Pode dizer-se que “a classificação valoriza e seria, enquanto que a avaliação descreve e informa; a avaliação tem um carácter formativo enquanto que a classificação tem um carácter seletivo”(Proença, 1989, p.145). O vídeo seguinte clarifica, muito resumidamente, o que é avaliar.




Proença (1989) distingue três tipos de avaliação: a avaliação de diagnóstico, essencial para aferir qual o ponto em que se encontram os alunos no início de uma unidade e para saber se possuem os pré-requisitos adequados; a avaliação formativa, realizada durante a unidade e que visa levar alunos e professor a modificarem a sua atuação de forma a melhorar o mais possível a qualidade das aprendizagens; a avaliação sumativa, normalmente aplicada no final de uma unidade, que se traduzirá numa classificação.
Quanto aos instrumentos de avaliação, como será lógico, dependerão da finalidade que têm. Um teste de avaliação formativa deve ser elaborado tendo em conta uma tabela de especificações, onde constarão as principais categorias de comportamento e os principais elementos de conteúdo de uma unidade. No teste constarão todos os elementos importantes da unidade, devendo incluir itens de todos os níveis (como aquisição, compreensão, aplicação, análise, síntese, avaliação, de acordo com Proença, 1989, p. 156), mas não haverá lugar a classificação nos diferentes itens do teste, sendo desejável que, de acordo com os resultados obtidos, o professor providencie um feedback mais alargado aos alunos. Já um teste de avaliação sumativa, partindo da mesma tabela de especificações, incidirá sobre os itens que o professor considerar mais importantes, sendo contados também de acordo com a importância que o professor lhes atribui. Os níveis de aquisição e compreensão deverão constituir cerca de metade do teste, ao passo que a aplicação e níveis mais elevados constituirão o restante.

Quanto aos tipos de provas de avaliação, Proença (1989, p. 158) aponta a classificação de Pedro Lafourcade:


“De um modo geral, podemos considerar dois grandes grupos de provas escritas: testes objetivos onde englobamos todas as provas constituídas por itens de resposta estruturada ou restrita e testes de composição ou ensaio, constituídos por itens de resposta livre” (Proença, 1989, p. 159).
Quanto à análise de resultados nos testes, na avaliação formativa o professor obterá informações sobre se há uma hierarquia de dificuldades na aprendizagem, se os alunos falharem mais os itens altos que os baixos, se os assuntos já são dominados pela maioria dos alunos e quais os tipos de erros que eles cometem. Já um teste de avaliação sumativa deve ser válido e fiável. A validade implica que meça os objetivos a que se propõe e não outros, ao passo que a fiabilidade se prende com a precisão em medir esses mesmos objetivos propostos.
A observação direta é também um importante meio de avaliar os alunos, e talvez aquele que mais frequentemente é posto em prática, mas para que essa observação seja eficaz o professor deve observar os alunos com base em objetivos claramente definidos, sem descurar obviamente outros elementos que possam ser pertinentes; deve tentar ser o mais objetivo possível, sabendo que as suas espectativas podem influenciar o resultado da observação; deve registar logo que possível o que observa, para que a memória, ou falta dela, influenciem o menos possível o que se observou.



As escalas são um bom instrumento de auxílio à observação direta. Podem ser numéricas (atribuem um valor entre, por exemplo, um e cinco aos aspetos observados), gráficas (diferentes das numéricas apenas na forma) ou descritivas (descrevem sucintamente previsões dos comportamentos a observar, sendo possivelmente as menos subjetivas). Outro instrumento de auxílio à observação direta são as listas de verificação. Nestas, apresentam-se atividades referentes ao que se quer observar e o docente assinala quais os alunos que têm os comportamentos previstos na lista. Para terminar, os registos de ocorrências significativas deverão ser utilizados quando se observarem comportamentos fora do comum, sejam eles positivos ou negativos, mas são muitas vezes utilizados pelos professores apenas de forma a relatar ocorrências negativas, tomando muitas vezes a forma de participação disciplinar.
  
Bibliografia

Proença, C. (1989). Didáctica da História. Lisboa: Universidade Aberta.

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