Segundo Proença
(1989, p. 144), se “a principal finalidade do ensino é modificar o comportamento
do aluno em determinadas direções estabelecidas pela escola e pelo professor”,
direções essas que constituem os objetivos educacionais, há que proceder à
avaliação para determinar se estes são atingidos. Ou seja, a avaliação parte da
identificação e definição de objetivos educacionais, para depois aplicar
instrumentos de avaliação que melhor possam aferir a consecução desses
objetivos. A avaliação tem um papel fundamental no sentido de melhorar as aprendizagens, como ilustra o vídeo seguinte.
A avaliação é
contínua e não deve cingir-se ao final de um período ou unidade, por exemplo; é
sistemática, pelo que não deve ser utilizada ocasionalmente; pressupõe que os
objetivos estejam bem definidos, pois só assim pode aferir a existência ou não
de progressos. Tendo isto em conta, deve clarificar-se que o termo “avaliação”
é muitas vezes utilizado, de forma errada, como sinónimo de classificação. A
classificação resume-se, normalmente, a um número, um valor que os alunos
atingem dentro de uma determinada escala, enquadrando-se num padrão
pré-estabelecido, tendo em conta as provas prestadas, ao passo que a avaliação
é muito mais que isso, é o avaliar do processo de ensino e aprendizagem,
tecendo considerações e juízos de valor, procurando alcançar as metas
educacionais e contribuindo para a melhoria das aprendizagens, obrigando
professores e alunos a modificarem comportamentos e métodos de trabalho ainda
antes dos momentos de classificação para que possam atingir as metas da melhor
forma possível. Pode dizer-se que “a classificação valoriza e seria, enquanto
que a avaliação descreve e informa; a avaliação tem um carácter formativo
enquanto que a classificação tem um carácter seletivo”(Proença, 1989, p.145). O vídeo seguinte clarifica, muito resumidamente, o que é avaliar.
Proença (1989)
distingue três tipos de avaliação: a avaliação de diagnóstico, essencial para
aferir qual o ponto em que se encontram os alunos no início de uma unidade e
para saber se possuem os pré-requisitos adequados; a avaliação formativa,
realizada durante a unidade e que visa levar alunos e professor a modificarem a
sua atuação de forma a melhorar o mais possível a qualidade das aprendizagens;
a avaliação sumativa, normalmente aplicada no final de uma unidade, que se
traduzirá numa classificação.
Quanto aos
instrumentos de avaliação, como será lógico, dependerão da finalidade que têm.
Um teste de avaliação formativa deve ser elaborado tendo em conta uma tabela de
especificações, onde constarão as principais categorias de comportamento e os
principais elementos de conteúdo de uma unidade. No teste constarão todos os
elementos importantes da unidade, devendo incluir itens de todos os níveis
(como aquisição, compreensão, aplicação, análise, síntese, avaliação, de acordo
com Proença, 1989, p. 156), mas não haverá lugar a classificação nos diferentes
itens do teste, sendo desejável que, de acordo com os resultados obtidos, o
professor providencie um feedback
mais alargado aos alunos. Já um teste de avaliação sumativa, partindo da mesma
tabela de especificações, incidirá sobre os itens que o professor considerar
mais importantes, sendo contados também de acordo com a importância que o
professor lhes atribui. Os níveis de aquisição e compreensão deverão constituir
cerca de metade do teste, ao passo que a aplicação e níveis mais elevados
constituirão o restante.
Quanto aos tipos
de provas de avaliação, Proença (1989, p. 158) aponta a classificação de Pedro
Lafourcade:
“De um modo geral,
podemos considerar dois grandes grupos de provas escritas: testes objetivos
onde englobamos todas as provas constituídas por itens de resposta estruturada
ou restrita e testes de composição ou ensaio, constituídos por itens de
resposta livre” (Proença, 1989, p. 159).
Quanto à análise
de resultados nos testes, na avaliação formativa o professor obterá informações
sobre se há uma hierarquia de dificuldades na aprendizagem, se os alunos
falharem mais os itens altos que os baixos, se os assuntos já são dominados
pela maioria dos alunos e quais os tipos de erros que eles cometem. Já um teste
de avaliação sumativa deve ser válido e fiável. A validade implica que meça os
objetivos a que se propõe e não outros, ao passo que a fiabilidade se prende
com a precisão em medir esses mesmos objetivos propostos.
A observação
direta é também um importante meio de avaliar os alunos, e talvez aquele que
mais frequentemente é posto em prática, mas para que essa observação seja
eficaz o professor deve observar os alunos com base em objetivos claramente
definidos, sem descurar obviamente outros elementos que possam ser pertinentes;
deve tentar ser o mais objetivo possível, sabendo que as suas espectativas
podem influenciar o resultado da observação; deve registar logo que possível o
que observa, para que a memória, ou falta dela, influenciem o menos possível o
que se observou.
As escalas são um
bom instrumento de auxílio à observação direta. Podem ser numéricas (atribuem
um valor entre, por exemplo, um e cinco aos aspetos observados), gráficas
(diferentes das numéricas apenas na forma) ou descritivas (descrevem
sucintamente previsões dos comportamentos a observar, sendo possivelmente as
menos subjetivas). Outro instrumento de auxílio à observação direta são as
listas de verificação. Nestas, apresentam-se atividades referentes ao que se
quer observar e o docente assinala quais os alunos que têm os comportamentos
previstos na lista. Para terminar, os registos de ocorrências significativas
deverão ser utilizados quando se observarem comportamentos fora do comum, sejam
eles positivos ou negativos, mas são muitas vezes utilizados pelos professores
apenas de forma a relatar ocorrências negativas, tomando muitas vezes a forma
de participação disciplinar.
Bibliografia
Proença,
C. (1989). Didáctica da História. Lisboa: Universidade Aberta.
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