sábado, 14 de maio de 2016

Comentário ao texto 5 do tema 2 - O b-learning e a perceção de competências de aprendizagem em ambientes virtuais no ensino da história.

Costa e Moreira (2013, p. 42) constatam que “o enorme progresso científico e tecnológico das últimas décadas tem colocado à disposição do ser humano uma quantidade infinita de informação através dos uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC).” Esses avanços, naturalmente, devem também refletir-se nas escolas, apresentando ao ensino uma série de potencialidades de valor inquestionável, embora aliadas a inúmeros desafios.
É inegável que a criação de comunidades virtuais de aprendizagem potencia “interação, a colaboração e a construção de sentimento de pertença entre os membros” (Monteiro, Moreira & Lencastre 2015, p. 51), para além de desenvolverem as suas competências sociais. Estas podem tomar várias formas, “como e-mails, wikis, redes sociais, blogs, chats” (Silva & Cilento, 2014, p.92), algumas delas mais adequadas a contextos mais formais e outras com menos formalidade. Moreira, Barros e Monteiro (2015, p.76) referem que a aprendizagem na Web social já ocorre de forma informal, sendo que a separação de espaços de aprendizagem em linha formais e informais tende a desaparecer. Mesmo assim, podemos afirmar que o uso de blogues, fóruns, da plataforma Moodle, serão mais adequados a um ensino formal, orientado pelo professor, mas no qual os alunos têm sempre a sua autonomia e se responsabilizam por a maioria das suas aprendizagens, num espírito de trabalho de equipa. Já o uso de uma rede social, como o Facebook, poderá servir de espaço de diálogo e troca de ideias, com uma moderação ainda mais ténue por parte do professor, mas tão importante como o ambiente mais formal.



A web social comporta, de acordo com Moreira, Barros e Monteiro (2015, p.73), “novos e estimulantes desafios para os sistemas educativos e para os seus profissionais”, sendo um deles a conceção de uma nova didática para a docência que não se limite ao conhecimento científico e pedagógico, mas que também aposte no conhecimento tecnológico. Os motivos que levam a esta necessidade são fáceis de adivinhar. Por um lado, o uso de redes sociais e do hipertexto fazem parte do dia-a-dia dos alunos em idade escolar, tal como referem Silva e Cilento (2014, p. 102), sendo que, para eles, é mais fácil lidar e compreender o hipertexto e o multimédia do que os textos tradicionais. Miranda, Marais, Alves e Dias (2014, p.82) referem que, no estudo que realizaram, noventa e seis por cento dos estudantes universitários que constituíram a sua amostra já utilizaram as redes sociais, número que não será muito diferente no caso dos estudantes dos ensinos básico e secundário. O pequeno vídeo que se segue é um bom exemplo dos benefícios do uso da tecnologia em aula.




Sendo algo que bem conhecem, representam um fator de motivação adicional, em especial no caso de uma rede social como o Facebook mas as ferramentas disponíveis na Web social não se esgotam aí, sendo também de suma importância, por exemplo, as wikis e os blogues (Miranda et. al., 2014, p. 75). Relativamente a estes últimos, no estudo que apresentam, Henriques e Seabra (2014, p. 47) afirmam que “as aprendizagens são tanto mais significativas, quanto resultantes de processos que envolvam e impliquem os próprios indivíduos, seguindo estratégias colaborativas interpares.” Miranda et. al., (2014, p. 74) mencionam que o uso da Web 2.0 implica precisamente que os indivíduos se envolvam e impliquem nas aprendizagens, interagindo uns com os outros, trabalhando cooperativamente, lendo, revendo, comentando os trabalhos dos seus pares e contribuindo para a construção do conhecimento do grupo. Num contexto de ensino e aprendizagem como este, de blended learning, misturando-se o ensino presencial tradicional e uma componente em linha, os professores devem assumir uma postura de orientador das aprendizagens e não de transmissor de conhecimentos, implicando “uma alteração cultural muito grande, pois obriga a repensar os papéis dos professores e estudantes, (…) o papel do professor está em mudança e aproxima-se, com o apoio digital, ainda mais, dum tutor da aprendizagem” (Moreira & Monteiro, 2010, p.92). É nesse sentido que Moreira, Barros e Monteiro (2015, p.73) afirmam que tem que haver “uma mudança de teorias pedagógicas centradas no professor para teorias mais participativas, colaborativas e sociais centradas nos diferentes atores educativos.” Alunos e professores partilham a responsabilidade pela aprendizagem, sendo os docentes “os responsáveis pela organização inicial do ambiente que o propicia, através do aumento da possibilidade de comunicação bidirecional, da participação ativa, da troca entre os pares, do estímulo à autonomia, mobilizando, para isso, os recursos tecnológicos disponíveis” (Monteiro, Moreira & Lencastre, 2015, p. 70). Silva e Cilento (2014, p.94) referem algumas das necessidades sentidas na formação de professores para a Web 2.0, “não basta o professor ter acesso e saber usar computador, tablet e celular conectados à internet, para lecionar na modalidade online”, pois os professores devem conseguir reinventar a sua prática docente para conseguirem responder aos desafios do mundo digital, não lhe bastando apenas conhecer e saber utilizar as ferramentas tecnológicas, mas sim modificar a sua prática letiva para se adaptar em pleno ao contexto da cultura digital.

Para terminar, segue abaixo o vídeo "Ferramentas, Plataformas e Interfaces Online", do Professor Doutor António Moreira, a propósito da unidade curricular de Tecnologias Digitais em Educação.




Bibliografia
Costa, M. E. & Moreira, J. M. (2013). O b-learning e a perceção de competências de aprendizagem em ambientes virtuais no ensino da história. In Revista Científica on-line - Tecnologia, Gestão e Humanismo, 2, (1), 42-55.

Henriques, S. & Seabra, F. (2014). Redes sociais para a educação para a saúde: o caso da prevenção de substâncias psicoativas. In Moreira, J. A., Barros, D., & Monteiro, A. (2014). Educação a Distância e eLearning na Web Social, 95-109. Santo Tirso: Wh!te Books.

Monteiro, A., Moreira, J. A., & Lencastre, J. A. (2015). Blended (e)Learning na Sociedade Digital. Santo Tirso: Wh!te Books.

Miranda, L., Morais, C, Alves, P. & Dias, P. (2014). Redes sociais na aprendizagem: motivação e utilização dos estudantes do ensino superior. In Moreira, J. A., Barros, D., & Monteiro, A. (2014). Educação a Distância e eLearning na Web Social, 71-93. Santo Tirso: Wh!te Books.

Moreira, J. A., Barros, D., & Monteiro, A. (2015). Inovação e Formação na Sociedade Digital: Ambientes Virtuais, Tecnologias e Serious Games. Santo Tirso: Wh!te Books.

Moreira, J.A., & Monteiro, A. (2010). O trabalho pedagógico em cenários presenciais e virtuais no ensino superior. Educação, Formação & Tecnologias, 3(2), 82–94. Recuperado de http://eft.educom.pt


Silva, M. & Cilento, S. (2014) Formação de professores para a docência online no Brasil: considerações sobre um estudo de caso. In Moreira, J. A., Barros, D., & Monteiro, A. (2015). Inovação e Formação na Sociedade Digital: Ambientes Virtuais, Tecnologias e Serious Games, 91-114. Santo Tirso: Wh!te Books.

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